Fairy Trap - Capítulo 02

                        LIVRO 2

Ele não conseguia lembrar quando começou. O mês e o dia em que ele estava acordado, se era manhã, dia, tarde ou noite, tudo era ambíguo.

Incontáveis ​​horas foram preenchidas com seu longo sono. Tudo o que ele conseguia com o passar do tempo foi um corpo cada vez mais fraco e um sonho.

Originalmente, mesmo que tivesse um sonho, ele dificilmente conseguia se lembrar. No entanto, à medida que seu tempo de sono aumentava, ele conseguia se lembrar de seus sonhos de vez em quando, e às vezes tinha sonhos lúcidos. Mesmo sabendo que a paisagem que estava vendo, os sons que estava ouvindo e as conversas agradáveis que teve com alguém, eram tudo um sonho, ele pensava ‘foi tudo apenas um sonho” e movia-se livremente como queria.

Em seus sonhos, ele se sentia tão livre.

Por isso, toda vez que ele abria os olhos e encarava a realidade, não havia nada mais difícil. O gosto amargo que sentiu logo após provar a doçura deixou sua mente devastada que não aguentava.

Houve momentos em que se sentiu extremamente deprimido e ele queria apenas parar de respirar e adormecer para sempre, se pudesse. Ainda assim, ele não demonstrou tais sentimentos, pensando que se morresse, sua família se sentiria triste e culpada. Ele sempre sorria toda vez que seus olhos se encontravam com eles e, quando tinha dor de cabeça quando não conseguia dormir a tempo, Yi-Gyeol se segurava até que finalmente pudesse adormecer, para não preocupá-los.

Seus sonhos eram seu único refúgio.

E em algum momento, aquele refúgio começou a mudar aos poucos.

A princípio, ele pensou que estava acordando. Ele olhou para cima atordoado porque podia ver o teto de seu quarto à sua frente,  quando de repente percebeu que seu corpo estava flutuando como se estivesse entrando no mar. Percebendo isso, tentou levantar-se e conseguiu sentar-se sem nenhuma dificuldade.

Yi-Gyeol percebeu isso apenas depois de virar a cabeça surpreso. Que seu corpo ainda está dormindo tranquilamente.

Era o chamado extracorpórea. Assim que percebeu que estava experimentando a experiência fora do corpo da qual só tinha ouvido falar, ele sentiu ser sugado para dentro de seu corpo. Pouco depois de retornar, ele abriu os olhos em descrença.

Desde então, esse fenômeno tem ocorrido com frequência. No início, tratava-se apenas de levantar do corpo, o leque de atividades foi se ampliando com o passar dos dias. Ele podia sair livremente sem hesitar em ter que abrir a porta, que estava fechada e pesada como um portão de ferro, e podia ver e ouvir o que sua irmã estava fazendo no quarto ao lado, e por que seu pai e sua mãe estavam brigando hoje.

Antes de adormecer, Yi-Gyeol, que desejava sair do corpo apenas desejando deixá-lo por um tempo, deixou a casa que estava cheia de atmosfera pesada e vagou para fora. Embora não houvesse nenhum corpo que pudesse ser visto a olho nu, o fato dele poder voar pelo ar e ir a algum lugar por sua própria vontade, acalmou o estômago exausto de Yi-Gyeol.

Desta vez, Yi-Gyeol deixou seu corpo e saiu livremente. Talvez porque fosse noite, então havia muito poucas pessoas andando por aí.

Enquanto isso, viu algumas pequenas borboletas brancas brilhantes voando ao redor. Ele pode vê-las desde há alguns meses e, instintivamente, ele sabia que era uma ‘alma’.

‘Quem sabe, eu posso ficar assim também.’

Por mais que virasse os olhos, ele não conseguia ver sua própria aparência.

Yi-Gyeol, que estava seguindo a borboleta brilhante, ficou surpreso ao ver um belo homem de meia-idade de repente aparecendo no canto bem na frente dele. O homem de meia-idade passou atrás dele.

− Ah, isso me surpreendeu….

Ele murmurou como se tivesse uma boca. O homem de meia-idade, como esperado, não ouviu as palavras de Yi-Gyeol e seguiu em frente.

Mesmo os espíritos como ele não podiam ouvi-lo. Foi o mesmo com sua família, assim como com todos que ele encontrava lá fora. Ele tentou falar com as borboletas brancas por precaução, porém elas voaram para longe como se fossem invisíveis.

Mas isso não o deixou deprimido. Mesmo que ninguém pudesse ouvir sua voz, bastava apenas que pudesse sentir o fluxo do tempo irreconhecível enquanto voava, em vez de quando ele estava trancado em seu quarto. Qualquer coisa além disso era considerado um luxo para ele.

Com o coração amargo, ele voou alto no céu. Hoje, ele estava planejando ir para a rua principal depois de muito tempo.

A rua movimentada, pela qual ele voou em um instante, estava tão deslumbrante quanto no dia em que desmaiou. Ao se aproximar, imaginando se haveria algum evento, ele viu faixas e placas por toda parte dizendo: “Desejo que vocês passem no vestibular”.

‘CSAT….’

Enquanto ele olhava para a barraca que vendia itens desejando passar no exame, seu rosto de Yi-Jin naturalmente veio à sua mente. Daqui a dez dias, Yi-Jin também faria o CSAT, assim como ele.

‘Seu Oppa não pôde fazer nada por você.’

Seu coração doía. Na época em que fez o CSAT, Yi-Jin, que havia economizado sua mesada, entregou-lhe uma carta cuidadosamente dobrada junto com um chocolate, desejando que ele passasse. Sua irmã mais nova, que era estudante do ensino médio na época, sorriu de forma fofa e o incentivou dizendo que ele iria bem no teste e passaria na universidade que queria. Embora ele não pudesse ir mesmo depois de passar, ele achava que o encorajamento que sua irmã mais nova desempenhou um papel importante na aprovação.

É por isso que Yi-Gyeol também queria fazer algo por sua irmã mais nova. No entanto, como estava deitado em casa, não tinha dinheiro e não podia ir comprar nada.

Tudo o que ele podia fazer era escrever uma carta. Como sua irmã mais nova sempre gostou de dobrar coisas de papel, ele pensou que deveria escrever uma carta e moldá-la como ela fazia.

Então, por algum motivo, Yi-Gyeol se sentiu melhor. Sentiu-se motivado pensando que havia algo que ele poderia fazer.

O fato de que ele poderia fazer por alguém, deixou-o mais do que feliz.

Yi-Gyeol, que estava olhando em volta com entusiasmo, de repente sentiu-se nervoso. Era como se alguém o chamasse com todas as suas forças. Isso era impossível, mas ainda assim olhou em volta com uma sensação que nunca havia sentido antes.

O que chamou a atenção de Yi-Gyeol foi uma borboleta dourada brilhando no escuro ao longe. A julgar pelo fato de conter luz, não era como uma borboleta real, parecia mais como um espírito, mas por algum motivo, parecia estar olhando diretamente para a frente.

Ele voou em direção à borboleta como se estivesse maravilhado com algo estranho que experimentou pela primeira vez. Quanto mais perto ele chegava, mais certeza Yi-Gyeol tinha de que a borboleta estava-o observando.

No momento em que a borboleta já estava perto o suficiente para que suas asas pudessem ser vistas claramente, a borboleta, que estava parada, deu meia volta e começou a voar para algum lugar.

− Espere um segundo!

Ele inconscientemente gritou e seguiu. A borboleta não parava de bater as asas, espalhando pó de luz dourada, e Yi Gyeol voou e voou como se estivesse sendo guiado por algo.

O lugar para onde a borboleta dourada se dirigia era um beco escuro um pouco distante da rua principal. O beco era estreito o suficiente para ser bloqueado quando duas pessoas estivessem lado a lado.

− Onde você quer ir?

Yi-Gyeol perguntou, mas como esperado, a borboleta não respondeu. Ele só podia silenciosamente ir fundo no beco.

A borboleta, que voava por um labirinto de becos estreitos, parou até chegar a um beco sem saída. A parede sem saída, que parecia escura como um breu onde apenas a escuridão podia ser vista, deixou Yi-Gyeol desapontado. Ele pensou que a borboleta o estava levando para mostrar-lhe algo, o que fez com que uma estranha expectativa brotasse de seu coração.

− Por que você me trouxe aqui?

Como as outras borboletas, ele pensou que a borboleta dourada não ouviria sua voz, mas mesmo assim ele estava curioso. Por que isso o chamou até este lugar?

A borboleta não respondeu. Mas como se tivesse ouvido sua pergunta, a borboleta se virou e olhou em sua direção. A luz era tão forte que o corpo não era completamente visível, mas a forma aproximada da borboleta era totalmente reconhecível.

O bater lento das asas da borboleta tornou-se um pouco mais rápido. Então, olhou em sua direção e gradualmente se afastou. Logo, o corpo da borboleta desapareceu como se tivesse sido sugado pela parede coberta de escuridão.

− Espere!

Normalmente, se uma borboleta passasse por uma parede, ele simplesmente as deixaria seguir seu caminho, mas desta vez foi diferente. Ele sentiu fortemente que não deveria deixá-la assim.

Ele perseguiu a borboleta dourada e correu para a parede. E como esperado, ficou claro que a borboleta estaria em frente a ela.

No entanto, assim que Yi-Gyeol passou pela parede depois de perseguir a borboleta, ele não teve escolha a não ser parar.

− O que isso…

Ele ficou inexpressivo e olhou em volta. O beco escuro quase sem luz e o espaço completamente contrário atrapalhava sua visão e o deixava um pouco tonto.

O que estendeu diante de seus olhos foi um corredor que o lembrava de castelos e mansões dos tempos medievais. Não apenas as várias decorações e padrões sofisticados de metal, mas também os murais esplêndidos densamente pintados, foram o suficiente para cativar a atenção de Yi-Gyeol. E como se não bastasse, um lustre feito de cristais brilhantes brilhava no teto e até um luxuoso tapete vermelho foi colocado no chão.

Yi-Gyeol, que estava olhando para o corredor em admiração, perguntou se ele estava sonhando enquanto estava fora do corpo. Caso contrário, a situação atual era completamente incompreensível.

⋆♚⋆♛⋆♚⋆

Altas alucinações…